quinta-feira, 5 de maio de 2022

6 Músicas que pareciam uma coisa, mas não eram


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Texto do nosso camarada André Padilha

A música é algo que realmente mexe com os sentimentos da gente. Aquele ritmo, os diversos sons e a harmonia causam na gente imediatamente uma reação. Duvida? Então batuca aí: “tum tum pá/ tum tum pá/ tum tum pá” e verá que o espírito do velho Freddie Mercury vai logo se apossar do teu corpo.

 Não é à toa que nas batalhas antigas os soldados muitas vezes se embrenhavam nas lutas aos sons de tambores e trombetas.


Se a música, sozinha, já causa essas reações coisas curiosas acontecem quando ela é cantada em uma língua diferente

No Brasil, já tivemos casos engraçados, como a versão de Leo Jaime para a música “Sunny”, que virou “Sônia”; ou como o caso da música que dizia “não quero um homem de p** pequeno”, que foi tocada em pleno horário nobre no programa da Xuxa.

Então vamos falar de músicas que falam de uma coisa, mas que o ritmo induz a gente a pensar outras coisas.

Rock and Roll Lullaby – B.J.Thomas


A letra da música fala de um filho e sua mãe adolescente e das dificuldades que ambos enfrentaram durante a infância (de ambos, talvez), sendo que a lembrança do filho é de que as coisas melhoravam quando a mãe cantava seu “rock´n roll de ninar”.

Essa música foi gravada num ritmo de balada romântica e, talvez, tenha colaborado com a concepção de muitas outras crianças.

Curiosamente, ela se tornou o tema musical do casal romântico da novela “Selva de Pedra”, de 1972 e, com certeza, muitos brasileiros dançaram agarradinhos, de rostinho colado, pensando que se tratava de uma linda declaração de amor. Só que não.

Quer dizer, era sim uma declaração de amor, mas não daquelas.

Luka – Suzanne Vega


Se você está pensando em falar “Tô nem aí/Tô nem aí” tire o cavalinho da chuva, pois no caso brasileiro, Luka é a cantora e eu estou falando da música.

Foi um sucesso dos anos 90, lembro de ouvir muito no verão, em carros na beira da praia. Meio dançante, alto astral e presença constante em 10 de 10 festinhas da escola na qual os meninos levavam refrigerante e as meninas salgadinho.

Só que não.

A música fala de violência doméstica, no pior estilo “Maria da Penha”. A personagem da música fala para um vizinho de apartamento que não se importe com barulhos de coisas quebrando, brigas e etc e que “não me pergunte o que foi”, porque ele só “me bate até chorar”.

Tenso.

Daniel – Elton John


Se você abrir a letra da música, vai perceber que nem mesmo em inglês ela não faz muito sentido. Fala em avião, Espanha, irmão e viagem. O ritmo pouco ajuda em dar uma pista sobre o significado da música; até meio “dançante”, tem um toque meio alegre e divertido.

Conhecendo o estilo gay e espalhafatoso do Elton John, aposto que muitos pensaram se tratar de alguma declaração de amor “escondida” para um tal Daniel, situação essa que era bem comum nos anos 70/80.

Mas a letra não foi escrita por ele e sim por Bernie Taupin.

Ela é inspirada numa matéria de jornal sobre a guerra do Vietnam. Conta a história de um soldado que, não querendo deixar triste o irmão mais novo, muito apegado, disse que iria viajar para a Espanha, de férias. Mas o soldado voltou ferido.

De acordo com o escritor: 
“'Daniel' foi a música mais mal interpretada que já escrevemos. A história era sobre um cara que voltou para uma pequena cidade no Texas, voltando da Guerra do Vietnã. Eles o elogiaram quando ele voltou para casa e o trataram como um herói. Mas ele só queria voltar para casa, voltar para a fazenda, e tentar voltar à vida que ele levava antes. Eu queria escrever algo que fosse simpático às pessoas que voltaram para casa”.

Because I got high – Afroman


Os anos 2000 tinham uma coisa meio maluca. Britney Spears, caras com topete e luzes no cabelo; bug do milênio e muito mais.

“Because I got high” é que só um beatbox e voz, com uns caras fortes na zoação, dando risada. Got high em inglês é ficar chapado e a música fala exatamente isso.

Basicamente a música fala de um cara que arruinou completamente sua vida porque ficou chapado. E não tô falando de coisa leve: ele chega a dizer que “Eu não ia fugir da polícia/Mas eu tava doidão (é sério, cara)/Eu ia parar e encostar o carro/ Mas eu tava doidão/Agora estou paraplégico/E eu sei por que (por que, cara?)/Porque eu fiquei doidão”.

Eu não entendi ainda se é sátira, sarcasmo ou uma mensagem verdadeira. O fato é que ao começar a música, a gente instintivamente começa a bater o pé e abre aquele sorriso; totalmente incompatível com o que tá sendo dito.

I will always love you - Dolly Parton


Quem nunca admirou a Whitney Huston se rasgando de amor e cantando essa linda música de amor? 

Tema do filme “O guarda costas” com Kevin Costner, foi o chiclete mais grudento que existiu antes de “Titanic”. 

13 em cada 10 casamentos tinha essa música e 9 em cada 10 cantoras largaram a carreira ao tentar copiar a Whitney.

Pois bem. Surpresa número 1: a música não é da Whitney, ela é da Dolly Parton.

Segundo, embora ela tenha uma letra incrível, falando de amor, ela não trata de nada romântico. 

Dolly Parton fez essa música para um companheiro/amigo de trabalho. Dolly resolveu deixar o programa “The Porter Wagoner Show” que era apresentado por Porter.

Acho que é o pedido de demissão mais lindo da história. 

Pumped up Kicks - Foster The People


Aqui não há um significado oculto, propriamente dito. A letra é bem explícita  mas o ritmo, o clipe e quase todo o resto envolvendo a música nos levam a pensar se tratar de alguma coisa alegre e despojada, igual ao figurino indie dos integrantes da banda.

Nada podia ser tão errado. A letra fala de um menino obviamente com graves problemas psicológicos (pra falar o mínimo!) e o refrão diz nada menos do que: “Todas as outras crianças com tênis caros/ É melhor vocês correrem, melhor correrem mais rápido que minha arma/ Todas as outras crianças com tênis caros/ É melhor vocês correrem, melhor correrem mais rápido que minha bala”.

Sim.. aquela música que a gente assoviou despropositadamente e chacoalhou o corpo fala de um garoto, abandonado pelos pais e que planeja um atentado terrorista contra outras crianças.

Quem quiser salvar a música (e sua consciência, quem sabe) poderia argumentar que é apenas um garoto fantasiando ser cowboy. Mas na verdade não ajuda muito...

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